Ação na praia da Ponta Negra será realizada em prol dos botos vermelhos

sexta-feira, 25 de julho de 2014



Pesquisadores do Inpa e Ampa estarão reunidos em uma atividade de sensibilização ambiental pela preservação dos botos da Amazônia. Uma réplica gigante de boto será a atração do evento. 

Foto de Kevin_Schafer_AMPA_mãe e filhote em Igapó
Por Séfora Antela – Ascom Ampa
Nesse fim de semana, 26 e 27, os amazonenses que frequentam a praia da Ponta Negra, em Manaus, vão dividir a areia com um boto vermelho inflável de 12 metros de comprimento. A ação, idealizada pela Associação Amigos do Peixe-boi – Ampa e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa/MCTI, com apoio da Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano (Implurb), faz parte da Campanha Alerta Vermelho (WWW.alertavermelho.org.br), lançada no último dia 20. O Projeto pretende levar também a réplica gigante às cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, ainda esse ano.
A atividade é uma forma de chamar a atenção da população para o risco de extinção desse mamífero típico da região. Anualmente, estima-se que 2,5 mil botos são mortos em algumas regiões da Amazônia, para serem utilizados como isca na pesca da piracatinga (urubu d´água ou douradinha). Pesquisadores alertam que se essa matança continuar nas mesmas proporções, em 25 anos, esta espécie emblemática de golfinho estará extinta.
Entenda a Campanha Alerta Vermelho
A campanha “Alerta Vermelho” foi lançada no último domingo, 20, e pretende combater a matança cruel e indiscriminada dos botos da Amazônia que servem de isca para a captura de um peixe liso, chamado piracatinga. A iniciativa é da Ampa e Inpa, uma autarquia do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI.
A campanha está dividida inicialmente em seis frentes de ações estratégicas. A primeira delas é uma petição online para o adiantamento da moratória de pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), divulgada no Diário Oficial da União, no dia 18 de julho desse ano, pelos Ministérios de Pesca e Agricultura e Meio Ambiente. Essa moratória prevê a suspensão da pesca e comercialização da piracatinga, a partir de janeiro de 2015. O objetivo da cessação temporária é para a realização de estudos e avaliações para identificar técnicas e métodos ou alternativas produtivas ambiental, econômico e socialmente viáveis e sustentáveis para o exercício e controle da atividade pesqueira da piracatinga; uma vez que, atualmente, grande parte da captura de piracatinga é feita com carne de jacaré e boto-vermelho, também conhecido como boto cor-de-rosa, que é um animal protegido por lei, desde 1967. O período de pesca da piracatinga, vendida comercialmente com os nomes de douradinha, piratinga ou pirosca,   ocorre durante a vazante na Amazônia central, que inicia no mês de junho e vai até fevereiro. Por isso, a Ampa deseja a “Moratória JÁ e não em JA-NEIRO” para evitar a morte de mais 2.500 botos, em determinadas regiões da Amazônia. A petição online já conseguiu mais de 25 mil apoiadores em apenas quatro dias. A meta da Ampa é chegar as 100 mil assinaturas.
A campanha também prevê o engajamento de celebridades. O primeiro a participar do projeto é Richard Rasmussen, apresentador, economista, biólogo e naturalista. Profundo conhecedor da fauna, ele tem uma forma espontânea e irreverente de cuidar e se relacionar com os bichos. Richard ganhou destaque e visibilidade, desde 2005, quando começou a apresentar um programa de cunho ambiental. Ele é associado benemérito da Ampa, desde 2012. Nessa sexta-feira, 25, Richard estará em Manaus para reafirmar o apoio à campanha e lançar o livro “A Amazônia selvagem de Richard Rasmussen – Uma aventura na floresta pelas lentes de Marcio Lisa”, resultado de uma incursão de seis meses pela Amazônia. Segundo o ativista, “a ameaça aos botos chegou ao nível máximo possível, portanto insustentável. Essa campanha é importante porque tem como objetivo demonstrar a responsabilidade que todos temos em manter o boto vivo, e a relação emocional que temos com essa espécie tão carismática”, salienta.    
Os colaboradores da campanha poderão contribuir também por meio do ciberativismo, divulgando a campanha através da hashtag Alerta Vermelho, criando uma rede solidária e sensível ao tema. Além da participação ativa, através de doações, destinadas a apoiar a fiscalização de frigoríficos, entrepostos de pesca e o combate ao comércio ilegal; buscar soluções e alternativas sustentáveis para as comunidades; assim como, pressionar o poder público para o fim do massacre ao boto na Amazônia. As pessoas que doarem quantias acima de 100 reais ganharão uma recompensa em Parceria com a grife Cavalera e a Empresa de Telecomunicações Oi.
A quinta face da campanha é o engajamento de parceiros coorporativos que assumam o compromisso contínuo de atuar de forma a contribuir para o desenvolvimento socioambiental da Amazônia. A última etapa da campanha Alerta Vermelho prevê ações de sensibilização ambiental, como ferramenta essencial para se atingir uma mudança de atitudes em relação à proteção dos botos da Amazônia e consequentemente do seu habitat.
Sobre a Ampa

A Associação dos Amigos do Peixe-boi - Ampa foi criada há 14 anos com o objetivo de promover a pesquisa e proteção dos mamíferos aquáticos da Amazônia. O seu principal foco é propiciar à sociedade um convívio saudável com a fauna da Bacia Amazônica. A Ampa vem se consolidando como um dos principais parceiros do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA/MCTI na proteção dos mamíferos aquáticos da Amazônia. Essa parceria mantém um grupo de animais resgatados do tráfico animal, no parque de pesquisa e visitação do Inpa/MCTI em Manaus-AM, e funciona como centro de reabilitação de animais apreendidos do comércio ilegal. A organização, por meio do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, recebe incentivos da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.