Pesquisadores do Inpa e Ampa estarão reunidos em uma atividade
de sensibilização ambiental pela preservação dos botos da Amazônia. Uma réplica
gigante de boto será a atração do evento.
Foto de Kevin_Schafer_AMPA_mãe e filhote em Igapó |
Por Séfora Antela – Ascom Ampa
Nesse fim de
semana, 26 e 27, os amazonenses que frequentam a praia da Ponta Negra, em
Manaus, vão dividir a areia com um boto vermelho inflável de 12 metros de
comprimento. A ação, idealizada pela Associação Amigos do Peixe-boi – Ampa e
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa/MCTI, com apoio da
Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Ordem Social e
Planejamento Urbano (Implurb), faz parte da Campanha Alerta Vermelho (WWW.alertavermelho.org.br), lançada
no último dia 20. O Projeto pretende levar também a réplica gigante às cidades
do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, ainda esse ano.
A atividade é
uma forma de chamar a atenção da população para o risco de extinção desse
mamífero típico da região. Anualmente, estima-se que 2,5 mil botos são mortos
em algumas regiões da Amazônia, para serem utilizados como isca na pesca da
piracatinga (urubu d´água ou douradinha). Pesquisadores alertam que se essa
matança continuar nas mesmas proporções, em 25 anos, esta espécie emblemática
de golfinho estará extinta.
Entenda a Campanha Alerta Vermelho
A campanha “Alerta Vermelho”
foi lançada no último domingo, 20, e pretende combater a matança cruel e
indiscriminada dos botos da Amazônia que servem de isca para a captura de um peixe
liso, chamado piracatinga. A iniciativa é da Ampa e Inpa, uma autarquia do
Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI.
A campanha está
dividida inicialmente em seis frentes de ações estratégicas. A primeira delas é
uma petição online para o adiantamento da moratória de pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), divulgada no
Diário Oficial da União, no dia 18 de julho desse ano, pelos Ministérios de
Pesca e Agricultura e Meio Ambiente. Essa moratória prevê a suspensão da pesca
e comercialização da piracatinga, a partir de janeiro de 2015. O objetivo da
cessação temporária é para a realização de estudos e avaliações para
identificar técnicas e métodos ou alternativas produtivas ambiental, econômico
e socialmente viáveis e sustentáveis para o exercício e controle da atividade
pesqueira da piracatinga; uma vez que, atualmente, grande parte da captura de
piracatinga é feita com carne de jacaré e boto-vermelho, também conhecido como
boto cor-de-rosa, que é um animal protegido por lei, desde 1967. O período de
pesca da piracatinga, vendida comercialmente com os nomes de douradinha,
piratinga ou pirosca, ocorre durante a
vazante na Amazônia central, que inicia no mês de junho e vai até fevereiro.
Por isso, a Ampa deseja a “Moratória JÁ e não em JA-NEIRO” para evitar a morte
de mais 2.500 botos, em determinadas regiões da Amazônia. A petição online já
conseguiu mais de 25 mil apoiadores em apenas quatro dias. A meta da Ampa é
chegar as 100 mil assinaturas.
A campanha
também prevê o engajamento de celebridades. O primeiro a participar do projeto
é Richard Rasmussen, apresentador, economista, biólogo e naturalista. Profundo
conhecedor da fauna, ele tem uma forma espontânea e irreverente de cuidar e se
relacionar com os bichos. Richard ganhou destaque e visibilidade, desde 2005,
quando começou a apresentar um programa de cunho ambiental. Ele é associado
benemérito da Ampa, desde 2012. Nessa sexta-feira, 25, Richard estará em Manaus
para reafirmar o apoio à campanha e lançar o livro “A Amazônia selvagem de
Richard Rasmussen – Uma aventura na floresta pelas lentes de Marcio Lisa”,
resultado de uma incursão de seis meses pela Amazônia. Segundo o ativista, “a
ameaça aos botos chegou ao nível máximo possível, portanto insustentável. Essa
campanha é importante porque tem como objetivo demonstrar a responsabilidade
que todos temos em manter o boto vivo, e a relação emocional que temos com essa
espécie tão carismática”, salienta.
Os colaboradores
da campanha poderão contribuir também por meio do ciberativismo, divulgando a campanha através da hashtag Alerta Vermelho, criando uma
rede solidária e sensível ao tema. Além da participação ativa, através de
doações, destinadas a apoiar a fiscalização de frigoríficos, entrepostos de
pesca e o combate ao comércio ilegal; buscar soluções e alternativas
sustentáveis para as comunidades; assim como, pressionar o poder público para o
fim do massacre ao boto na Amazônia. As pessoas que doarem quantias acima de
100 reais ganharão uma recompensa em Parceria com a grife Cavalera e a Empresa
de Telecomunicações Oi.
A quinta face da
campanha é o engajamento de parceiros coorporativos que assumam o compromisso contínuo de atuar de forma a contribuir
para o desenvolvimento socioambiental da Amazônia. A última etapa da campanha
Alerta Vermelho prevê ações de sensibilização ambiental, como ferramenta
essencial para se atingir uma mudança de atitudes em relação à proteção dos
botos da Amazônia e consequentemente do seu habitat.
Sobre a Ampa
A Associação dos Amigos do
Peixe-boi - Ampa foi criada há 14 anos com o objetivo de promover a pesquisa e
proteção dos mamíferos aquáticos da Amazônia. O seu principal foco é propiciar
à sociedade um convívio saudável com a fauna da Bacia Amazônica. A Ampa vem se
consolidando como um dos principais parceiros do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia – INPA/MCTI na proteção dos mamíferos aquáticos da
Amazônia. Essa parceria mantém um grupo de animais resgatados do tráfico
animal, no parque de pesquisa e visitação do Inpa/MCTI em Manaus-AM, e funciona
como centro de reabilitação de animais apreendidos do comércio ilegal. A
organização, por meio do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, recebe
incentivos da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.
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