Quero só exceções

sábado, 3 de agosto de 2013




"O que me mata é o cotidiano. Eu queria só exceções" 
Clarice Lispector



Sabe quando não é mais a mesma coisa? Quando não faz sentido você estar ali? Quando não há nada em comum e a conversa não é interessante? Pois é, esse é um vazio que muito de nós em algum momento de nossas vidas vamos enfrentar. E não digo isso me referindo apenas a um relacionamento amoroso, mas de amizade, no profissional, essas coisas. 

Uma das piores sensações do mundo é você perceber uma forçação de barra, como se quisesse distanciar o fim, mas sem muita empolgação, sem muito celeridade, ou o que chamamos de empurrar com a barriga. As vezes sinto que é bem isso. Até a conversa fica chata, não há assuntos em comum, não há nada de interessante ou que venha a se tornar interessante. Odeio fazer coisas como se fosse uma obrigação. Essa ideia não me agrada.


Confesso que eu espero das pessoas um pouco de "descontrole". Ninguém precisa fazer tudo certinho sempre e confesso ainda que gostaria muito que algumas pessoas agissem com o coração pelo menos uma vez na vida e não com a razão sempre para saber o quanto é deliciosamente perigoso viver assim. Eu só queria que algumas pessoas, e uma em especial, fosse inconsequente, pelo menos uma vez, que não pensasse antes de agir e apenas fizesse... Acho que eu seria uma amiga mais feliz. Monotonia me causa aflição. 


Sei que é pedir de mais isso das pessoas, ninguém é obrigado a ser igual a mim, mas também muito diferente não dá. Posso ser sincera? não gosto de pessoas muito diferente de mim. Se podemos escolher os amigos, por que escolher quem não gostamos? ou quem não temos nada em comum? ou quem não nos faz sentir bem e a vontade para ter uma boa e descomprometida conversa?

Amizade que se tem que pisar em ovos não pode ser verdadeira e amizade sem um pouco de ação também não é amizade, é relatório de produção para o chefe no escritório. Não quero viver fazendo relatórios, só espero um pouco mais de emoção e menos razão de vocês.