Acabei de realmente ter a certeza de que vivo numa cidade que está sendo construída em cima da história. Uma cidade que, com suas modernidades, está engolindo o passado e simplesmente ignorando os fatos, belezas e riquezas que ao poucos, com o tempo, será esquecida.
Fui acompanhar a situação dos moradores que moram as margens do igarapé do São Jorge, bairro da Zona Oeste de Manaus, que ontem passaram por outro susto. Dessa vez, duas casas pegaram fogo assustando toda a vizinhança já traumatizada pelo sinistro da semana passada.
Passando pelo local que digamos assim não é apropriado para fazer uma caminhada, visitação ou passeio (uma área vermelha, em bom português), me deparei com as ruínas de um prédio e aquilo chamou bastante atenção. Porque mesmo estando só as ruína percebe-se que se trata de uma obra bem antiga. Na hora pensei em alguma construção inglesa, pois, ainda é possível ver as grandes janelas no estilo daqueles casarões ingleses que ainda existem lá pelo Centro Antigo da cidade.
Curiosa então perguntei no meu Facebook se alguém sabia do que se tratava aquela construção e um colega me mostrou um link da fanpage "Manaus de Antigamente" (que aliás é muito boa) que mostra duas fotos do local e para minhas surpresa (e ignorância) fiquei sabendo que ali, em meados de 1800 funcionava a Represa da Cachoeira Grande. Vi pela foto e pelos comentários o quanto aquele igarapé era limpo. Vi também o quanto aquela construção era valiosa, para vocês terem ideia, o reservatório conseguia abastecer grande parte da cidade na época.
Esta é a imagem que está na página do "Manaus de Antigamente":
Consegui a seguinte pesquisa no site:
"Histórico:
Construída abaixo da nascente do Igarapé da Cachoeira Grande, que deságua à margem esquerda do Rio Negro, entre as barreiras do bairro da cidade conhecido como Plano Inclinado, a represa foi destinada a movimentar uma estação de bombeamento contendo duas turbinas e duas bombas, que abasteceriam o reservatório da Castelhana, situado à Avenida Constantino Nery, e o tanque de água do Bairro dos Remédios, situado na atual localização da Faculdade de Direito, à Rua Miranda Leão. Os terrenos ocupados pertenceram ao major Gabriel Antônio Ribeiro Guimarães e, posteriormente, ao Seminário Episcopal, aforados ao Estado.
(...)
Escolheu-se, então, em um dos braços do Igarapé da Cachoeira Grande, com uma vazão de 8 milhões de litros na seca e 17 milhões de litros no inverno, o local para a construção de uma represa contendo 3,80m de altura, 104,3m de comprimento e 3,50m na maior espessura, projetada pelo referido engenheiro amazonense. No entanto, os projetos referentes a esta obra pareciam não estar concluídos, pois a Repartição de Obras Públicas chamara, no mesmo período, Ermano Stradelli e Richard Payer para “passar a limpo” alguns desenhos do projeto para as obras de abastecimento de águas. Em junho do mesmo ano, foram entregues aos contratantes da obra todos os tubos de 9 polegadas para o encanamento. Em 1885, o contrato para as obras foi reformulado e transferido para Tarciano Murillo Torres.
Em 1888, Lauro Bittencourt foi exonerado do cargo e, no ano seguinte, o presidente Joaquim de Oliveira Machado informava que, embora as obras do encanamento não estivessem totalmente concluídas, a população já usufruia do melhoramento.
Após a instalação do bombeamento de água na Ponte do Ismael e a construção do Reservatório do Mocó, a represa foi desativada, tornando-se um local aprazível de lazer contemplativo e passivo para a sociedade manauara que, aos domingos, costumava por lá realizar passeios e piqueniques.
A destruição do complexo, a partir da sua desativação, incluiu a retirada de pedras para a construção da piscina “Tancredo Cunha”, no Bosque Municipal, e a destruição da casa das máquinas, verificada no Governo do Dr. Álvaro Maia".
O texto completo vocês podem conferir nesse link e os autores estão lá:
http://www.bv.am.gov.br/portal/conteudo/serie_memoria/41_represa.php
Curiosa então perguntei no meu Facebook se alguém sabia do que se tratava aquela construção e um colega me mostrou um link da fanpage "Manaus de Antigamente" (que aliás é muito boa) que mostra duas fotos do local e para minhas surpresa (e ignorância) fiquei sabendo que ali, em meados de 1800 funcionava a Represa da Cachoeira Grande. Vi pela foto e pelos comentários o quanto aquele igarapé era limpo. Vi também o quanto aquela construção era valiosa, para vocês terem ideia, o reservatório conseguia abastecer grande parte da cidade na época.
Esta é a imagem que está na página do "Manaus de Antigamente":
![]() |
Imagem da fanpage "Manaus de Antigamente" |
Consegui a seguinte pesquisa no site:
"Histórico:
Construída abaixo da nascente do Igarapé da Cachoeira Grande, que deságua à margem esquerda do Rio Negro, entre as barreiras do bairro da cidade conhecido como Plano Inclinado, a represa foi destinada a movimentar uma estação de bombeamento contendo duas turbinas e duas bombas, que abasteceriam o reservatório da Castelhana, situado à Avenida Constantino Nery, e o tanque de água do Bairro dos Remédios, situado na atual localização da Faculdade de Direito, à Rua Miranda Leão. Os terrenos ocupados pertenceram ao major Gabriel Antônio Ribeiro Guimarães e, posteriormente, ao Seminário Episcopal, aforados ao Estado.
(...)
Escolheu-se, então, em um dos braços do Igarapé da Cachoeira Grande, com uma vazão de 8 milhões de litros na seca e 17 milhões de litros no inverno, o local para a construção de uma represa contendo 3,80m de altura, 104,3m de comprimento e 3,50m na maior espessura, projetada pelo referido engenheiro amazonense. No entanto, os projetos referentes a esta obra pareciam não estar concluídos, pois a Repartição de Obras Públicas chamara, no mesmo período, Ermano Stradelli e Richard Payer para “passar a limpo” alguns desenhos do projeto para as obras de abastecimento de águas. Em junho do mesmo ano, foram entregues aos contratantes da obra todos os tubos de 9 polegadas para o encanamento. Em 1885, o contrato para as obras foi reformulado e transferido para Tarciano Murillo Torres.
Em 1888, Lauro Bittencourt foi exonerado do cargo e, no ano seguinte, o presidente Joaquim de Oliveira Machado informava que, embora as obras do encanamento não estivessem totalmente concluídas, a população já usufruia do melhoramento.
Após a instalação do bombeamento de água na Ponte do Ismael e a construção do Reservatório do Mocó, a represa foi desativada, tornando-se um local aprazível de lazer contemplativo e passivo para a sociedade manauara que, aos domingos, costumava por lá realizar passeios e piqueniques.
A destruição do complexo, a partir da sua desativação, incluiu a retirada de pedras para a construção da piscina “Tancredo Cunha”, no Bosque Municipal, e a destruição da casa das máquinas, verificada no Governo do Dr. Álvaro Maia".
O texto completo vocês podem conferir nesse link e os autores estão lá:
http://www.bv.am.gov.br/portal/conteudo/serie_memoria/41_represa.php
Comente