Há alguns dias minha casa foi assaltada. Enquanto todos estavam no trabalho algum ou alguns elementos tiveram a brilhante ideia de invadir nossa casa. Era uma sexta-feira, por volta das 17h eu cheguei sozinha em casa e fui direto para o meu quarto. Num primeiro momento, do portão de casa até o meu quarto, não tinha percebido nada, a não ser um gato que se abriga no quintal da nossa casa assustado.
Ao entrar no meu quarto já achei estranho a luz acessa. Nós nunca deixamos a luz acessa dos quartos para economizar energia. Quando olhei para minha cama, estava apenas o suporte do meu notebook. Na hora pensei que meu irmão tivesse pego para testar algo, então liguei pra ele para perguntar. Ao explicar para ele e ao ouvir sua negativa do outro lado da linha minha ficha começou a cair: tínhamos sido assaltados.
Ele pediu para que eu fosse até o quarto dele verificar se o computador dele estava lá e para minha surpresa, não estava. Comecei a chorar e fui até o quarto dos meus pais que estava todo revirado. As portas do guarda-roupa deles estavam abertas e algumas coisas pareciam fora do lugar. Olhei para a porta da cozinha para tentar identificar por onde eles tinha entrado. Estava tudo fechado. Olhei para a janela da cozinha e vi. A grade de ferro havia sido 'arrancada' e o vidro da janela havia sido quebrado. Um espaço pequeno mas, que facilitou o arrombamento da janela e a entrada dos criminosos.
Na hora senti medo por está sozinha em casa e fui para o pátio com medo de ainda ter alguém em casa. Mas, voltei imediatamente para dá mais uma olhada e tentar identificar o que havia sido roubado. Apenas os computadores. Liguei para os meus pais, meu irmão e segui para o 6ºDIP, que fica aqui no bairro. Chegando lá, os atendentes que fazem o Boletim de Ocorrência (B.O.) já estavam de saída. Para completar ainda houve queda de energia.
Na ocasião relatei o fato como tinha visto ao chegar na minha casa. Até que levei para um tal investigador carimbar o B.O. Este senhor chamado Cláudio Neto, investigador do 6º DIP, questionou o que estava escrito no B.O. dizendo que eu não podia afirmar que o cara tinha quebrado a janela com um "murro". Eu disse que "claro que não podia afirmar nada, a não ser o furto, partindo do princípio que eu não estava em casa. Aquilo era uma dedução". Resumindo, eu estava estressada e o cidadão começou a bater boca comigo até eu sair do local.
Voltamos para casa. No outro dia alguns investigadores apareceram por lá e a perícia também. Estamos no aguardo desse laudo. Enquanto o resultado não fica pronto a gente tenta voltar a nossa rotina normal. Mas, pelo menos por enquanto, ainda não é tão normal assim. Bate um medo ao está se aproximando de casa, onde deveríamos nos sentir seguros. Medo de saber que um estranho (ou nem tão estranho assim) esteve na nossa casa, no nosso quarto, na nossa intimidade.
Algumas pessoas dizem: "ah foram apenas computadores". Sim, foram, mas, ali estavam nossos trabalhos, nossas lembranças, nossos documentos que qualquer uma agora pode estar vendo. E o pior de tudo é saber que ele foi trocado por uma 'cabeça' de alguma coisa.
Imagino que a maioria de vocês que estão lendo já devem ter passado por uma situação parecida. A gente se sente impotente, inseguro, receosos.... O investigador que veio em casa chegou a afirmar para minha mãe que os ladrões podem voltar, porque todos saem para trabalhar. E a gente ainda tem que encarar essa realidade: sair pra trabalhar e não saber o que está acontecendo no nosso lar.
No conjunto onde moro, assim como em tantos outros da nossa cidade, dificilmente, há policiais passando. Mas, como já ouvi dos próprios policiais milhares de vezes nas entrevistas que faço: "não tem como a gente está em todos as casas para proteger né?".
Não sei quanto tempo demora para a gente se recuperar do susto, do choque, do medo, quando vamos parar de chorar e de tremer ao abrir a porta de casa. Mas, enquanto isso não acontece, nossa rotina, assim como de milhares de vítimas continua.... sem respostas!
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